Nota introdutória: ao iniciar este blog surgiu como natural iniciar a Viagem pela Cidade onde há tantos anos vivo. Sou natural duma freguesia da cidade vizinha, Matosinhos e vivo na cidade de Vila Nova de Gaia, a cidade que se localiza do lado esquerdo do Rio Douro, mesmo em frente da Cidade do Porto. A minha vida passa toda pelo grande centro do Porto, que conjuntamente com as outras cidades limítrofes constituem o chamado Grande Porto.
Vamos por isso iniciar a viagem - ao Porto, “carago” (expressão muito utilizada pelas suas gentes) e que entre outras, como a troca dos “B” pelo “V“ (hoje faz “vom” tempo, não há “bento”, “carago”), fazem parte da comicidade utilizada por portugueses de outras regiões.
Daqui Houve Nome Portugal de Eugénio de Andrade (1923-2005), é uma antologia em verso e prosa, obra que foi apelidada de "o mais belo retracto das pedras e das gentes do Porto", com textos de Luís de Camões “Lá na leal cidade, donde teve Origem (como é fama) o nome eterno de Portugal” e de muitos outros poetas e escritores portugueses, com direcção gráfica de Armando Alves (pintor português formado pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto), é sem dúvida alguma, uma obra de leitura recomendada.
Um pouco de história:
A Península Ibérica era toda ela pertença do Reino de Castela, mas com as invasões protagonizadas pelos “infiéis mouros”, o Rei de Espanha (Afonso VI de Leão e Castela) viu-se na necessidade, por volta do ano 1000, de fazer a divisão do seu território. Para facilitar a sua defesa, criou várias regiões, entre elas a do Condado Portucalense (correspondente actualmente ao norte de Portugal e que incluía o Burgo de Portucale). A sua gestão foi entregue a Henrique de Borgonha. O conde D. Henrique era um lutador, tendo travado inúmeras batalhas com os mouros, alargando os territórios do seu Condado. Após a morte do Conde D. Henrique, o seu filho de 14 anos, Afonso Henriques, arma-se cavaleiro e enfrenta a sua mãe na batalha de S. Mamede, em 1128. Após a vitória nesta batalha, aprisiona a sua mãe D. Teresa (que pensava em casar de novo com um fidalgo de Castela) e fica a gerir o Condado, assegurando a sua independência. D. Afonso Henriques continua a lutar contra os mouros e até contra os espanhóis, pela conquista e alargamento dos territórios do Condado Portucalense. O Rei Afonso Henriques vence batalha atrás de batalha, alargando cada vez mais os territórios para sul e após a célebre batalha de Ourique, declara a independência do Condado Portucalense. Está assim criado o Reino de Portugal que tem como seu fundador o Rei Afonso Henriques.
A Cidade do Porto, cidade secular, nascida no Morro da Sé, por volta do séc. VIII a.C. é a capital do norte. Cidade cosmopolita, simultaneamente antiga e moderna, tradicional e vanguardista. É um grande polo industrial e comercial que domina toda a região. Em termos culturais tem também importância relevante. Foi berço de importantes figuras das artes, ciências e literatura.
Visita Sé Catedral do Porto
A cidade estendeu-se a partir da Sé, instalada na mais elevada colina da cidade. A Sé do Porto, a segunda mais antiga do país (depois da Sé de Braga, a mais antiga), é um imponente edifício de estrutura romano-gótica, dos séculos XII e XIII, tendo sofrido grandes remodelações no período barroco (séc. XVII-XVIII). A planta da Sé do Porto é de três naves com transepto.
No interior conserva ainda o aspecto de uma igreja-fortaleza, com ameias. São de destacar a bela rosácea do século XII e o alpendre lateral (1736), obra de Nicolau Nasoni, voltada para a cidade.
Junto às portas encontram-se monumentais pias de água benta, dos finais do séc. XVII. Junto à pia baptismal seiscentista, há um baixo-relevo de Teixeira Lopes (Pai).
A actual capela-mor é do período maneirista (1610) e apresenta um retábulo de talha dourada, da segunda parte do séc. XVIII e é considerado um trecho capital do barroco joanino. A decoração pictórica das paredes é de Nasoni. Por cima dos cadeirais do cabido (agrupamento de cónegos que colaboram no governo da diocese), ficam dois órgãos de tubos dos séculos XVII (à esquerda) e do século XIX (à direita).
A imagem de Nossa Senhora da Vandoma (séc. XIV), padroeira da cidade do Porto e que por isso ilustra o brasão de armas da Cidade, encontra-se no lado esquerdo do transepto da Sé.
Na capela do Santíssimo Sacramento, destaca-se o célebre "altar de prata" de enormes dimensões e executado em sucessivas fases (desde 1632 até ao séc. XIX), é considerado uma obra fundamental da ourivesaria portuguesa. No lado direito do corpo transversal, está a imagem de Nossa Senhora da Silva (séc. XV-XVI). A outra capela barroca é dedicada a S. Pedro.
O importante claustro gótico foi começado nos fins do séc. XIV. Apresenta sete grandes painéis de azulejos da segunda metade do séc. XVIII, com cenas do "Cântico dos Cânticos", em referência ao diálogo místico entre Deus e a Virgem, padroeira da Catedral.
No "claustro velho" há alguns elementos arqueológicos com interesse. Uma escadaria nobre, de Nicolau Nasoni, concluída em 1736, dá acesso ao pátio superior do claustro gótico.
A Casa do Cabido, anexa ao claustro e à Sé, alberga muito boas obras sacras e o "tesouro" da Catedral exposto em nove grandes vitrinas: podem ver-se objectos de ourivesaria, paramentaria e livros litúrgicos.
A vista à Sé é fundamental como vêm e o núcleo a partir da qual se pode correr o Porto medieval.
Informações úteis sobre a Sé do Porto:
Morada: Terreiro da Sé - 4050-573 PORTO Tel.: 222 059 028. Fax. 226 096 276.
www.diocese-porto.pt/index.php?option=com_content&view...
Transportes: Autocarros: 3; 6 e 71
Horários de visitas:
De Segunda a Sábado, das 09:00 às 12:30 e das 14:30 às 19:00h
Claustro: Verão das 09:00 às 12:15 e das 14:30 às 18:00; Inverno das 09:00 às 12:15 e das 14:30 às 17:00h
Encerra aos domingos.